sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Leikkaus sielun Muse

Com a agulha riscando o disco vinha o som melodioso da voz de Piaf,"Padam Padam!" exclamava enquanto a jovem se via atirada nos tecidos aveludados do velho divã daquele cômodo. Balançava os pés no ritmo da canção, fechava os olhos e deixava-se levar pelas notas que invaliam-lhe os ouvidos, ritmo acelerado, sendo assim, deixava também escapar um leve sorriso que brotava em sua face desenhada.
A luz vinha escassa do abajur, contemplava-lhe o corpo, brincava em suas pernas nuas como criança.
Ela, a jovem, sabendo da minha presença abriu vagarosamente os olhos, deixando-os quase que semi-serrados, deixou com que o o sorriso se abrisse enquanto suas feições pueris davam espaço para seu ar sedutor e deslumbrante, sua expressão era divertida, quase de mofa.
Retribui-lhe o sorriso.
Fui chamada para me juntar a ela.
Fui conduzida para perto de seus cabelos esvoaçantes, agora sobre o meu colo. A música tocava ao fundo, Edith Piaf continuava seu bom trabalho "Je ne veux pas travailler,Je ne veux pas déjeuner,Je veux..." pouco me importava aquela hora, seus braços envolviam-me calmamente, ela voltou a cerras os olhos, continuava a sorrir. Seu decote demonstrava um pouco mais que o de praxe, curvas voluptuosas, lúbricas,seduziam-me a encontrá-las.

Que da prata venha o ouro...

O céu prateado, levemente azulado, tons escuros, imponente, poderoso, anunciava que dali por diante a chuva viria varrer nossas almas enquanto a água renovada caia sobre nós com furor tremendo.
Inquietação, mas não muita.
O calor sufocava, adentrava-me as narinas aquele vapor quente que tacava. rápidos e lentos eram eus pensamentos, isso desagradava-me, mas não era a hora de julgar o que me caia bem, apenas tentava aceitas o jeito como vinham as torrentes.
As horas caminharam e adiante pude ver que as nuvens cobertas por prata se misturavam com raios de sol estremecidos que tentavam vencê-las. POuco a pouco o fizeram, derrotaram-nas.
Um frescor estranho pairava no ar naquele fim de tarde, algumas aves se atreviam a cantarolar enquanto o sol, já tímido, beijava suavemente a face da mata solene. Eu os assistia. Poupava-me de pensar nas dores, renovava-se em mim as cores.
Crepúsculo belo e cálido.
Os tons de laranjado então tornaram-se rosa, o rosa dançou bela valsa desprevinida e pouco descompassada com os tons púpura e juntas completaram a paleta de cores celeste.
A lua então sorriu, sorriso crescente, e ali ficou, e ali ainda está, não sei se fita-me, as estrelas pouco se mostram, sei bem é que sorri. Sorri pra mim, disso eu sei, tenta espantar o sentimento de morte que tomou meu ser.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vazio

Nem mais as lágrimas poderão expressar a tristeza que se aloja em mim. Que mil estacas penetrem o meu coração mas,por favor, não isso. Não deixe com que suas palavras cortem o ar com tal furor que somente meus ouvidos podem detectar.
As lágrimas não são mais suficientes para expressar o grande vazio que agora se aloja em mim.
Enquanto procurava pelo toque da Rosa Negra percebi que ela não o apreciaria, ardendo nos subterfúgios da minha alma como arderia em tão obscuras profundezas do meu eu.
Mas, se era assim, por que então conhecê-la, indecifrável flor? Por que então meus olhos não foram da visão desprovidos se for para se encantarem com o seu sorriso?
Pervesso.
Não a culpo, não a culpo.
Rodopie por entre as múltiplas faces de sua vida, eu me perderei nas minhas, me entregarei ao meu próprio fim e me jugarei nos braços tortos do Destino.
E que destino! Ardente, indeciso, peste!
Vencera-me!
Sentia meu corpo débil e inútil sem qualquer possibilidade de movimento. O escanfandro restringia até mesmo minha respiração, ofegava.
Presa em um meio oco e artificial eu estava perdida na inebriante sensação que me dominava.
Ouvia o tamborilar do meu coraçao gritando de desespero dentro daquela roupa. Não podia me libertar, deveria me acostumar com aquilo. Será? Procurava tão intensamente uma maneira de me libertar, mas nada servia. Nada. Esperarei, assim, por um socorro vindo de ti. A útima palavra será sua...

Smell like pain

E veio então aquele cheiro mórbido,triste, repleto de lembranças boas que não mais estarão aqui de volta: a morte os havia levado e não mais os devolveria.
Aquela cheiro característico de grama recém cortada, os pássaros em volta. Tudo era como antes,mas nada podia ser como antes se pareceu.
Tanto quanto um aquele que tem afeição pela dor destroça as feridas abertas com prazer, mantenho-me pensando lá nos tempos em que a vida já se encarregou de levar, os sorrisos que agora choram em algum lugar,mas não aqui.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Se as coisas são todas premeditadas por força maior isso me foge do entendimento,mas acredito que sim. Inevitavelmente essa entidade chamada Destino se revela é quase sempre contrário as nossas vontades e se diverte ao ver nossos planos cairem por terra. Talvez, tomado pela forma humana, o veriamos com um sorriso ironico a gritar em seu rosto maquiavélico que hoje tanto me desagrada e me deixa inquieta.
Apenas diga-me: por que encorajar mentes a se levarem pelo desejo de fazer aquilo que terá orgulho em destruir? Por que quebrar o ritmo de um coração até então tão esperançoso e determinado como encontrava-se o meu?
Ao seu bel prazer não vou deixar mais que as coisas sejam sempre esquematizadas, lutarei por aquilo que ainda dúvido. Mas lutarei.
Com disposição é que me armarei, espero tirar minhas dúvidas. Não me controle,destino,nao ouse.. Entenda minhas palavras perdidas como o último grito de socorro para aliviar minhas dores e anseios.

Destino

Se as coisas são todas premeditadas por força maior isso me foge do entendimento,mas acredito que sim. Inevitavelmente essa entidade chamada Destino se revela é quase sempre contrário as nossas vontades e se diverte ao ver nossos planos cairem por terra. Talvez, tomado pela forma humana, o veriamos com um sorriso ironico a gritar em seu rosto maquiavélico que hoje tanto me desagrada e me deixa inquieta.
Apenas diga-me: por que encorajar mentes a se levarem pelo desejo de fazer aquilo que terá orgulho em destruir? Por que quebrar o ritmo de um coração até então tão esperançoso e determinado como encontrava-se o meu?
Ao seu bel prazer não vou deixar mais que as coisas sejam sempre esquematizadas, lutarei por aquilo que ainda dúvido. Mas lutarei.
Com disposição é que me armarei, espero tirar minhas dúvidas. Não me controle,destino,nao ouse.. Entenda minhas palavras perdidas como o último grito de socorro para aliviar minhas dores e anseios.

Negra rosa

Dentre tantas puras flores, vejo você, Negra Rosa; tão exuberante em sua inocência quanto em sua própria habilidade de perder-se nela. Perder..posso perder-me também em seu olhar enigmático e profundo que muito esconde de mim.
Cantamos e exaltamos a morte que,por ventura, venha nos juntar, mas ainda sim vacilamos. Ainda sim vacilo.
Penso também a cor escura de suas pétalas de veludo e me entristeço por não saber se anseiam pelo meu toque. Fugaz,meu pensamento agora enrola-se em meio as possibilidades e o leque de dores que pode se abir. Coisa dantes louca a se dizer: mas tenho que confessar-lhe que não só gosto de ti, Negra Rosa.
Tão escura como aquela aquela sala solitária eram também a minha mente.
Os lençois envelhecidos pendiam sobre os móveis tímidos, sobre os quais repousava também a poeira do abandono. Incoerente,então, era aquele raio de luz vindo da janela-junto com os múrmurios sufocados do oceano ali em baixo- que iluminava a lareira trabalhada.
Ambiente aquele sórdido e confuso. Tantas coisas estavam ali, abaixo dos lençois, mas tampouco se revelavam a minha visão incapaz. Queria saber se para mim também existiria um ponto claro e amarelo alegre revelando a beleza de algo até então ocultado.
As lágrimas estavam agora ausentes, secas, indecisas, não sabiam se vinham à tona.
O telefone me tentava e as palavras sussurradas pelo vento, que entravam com a claridade. Se eu poderia continuar naquele momento monocórdio ou se eu iria reagir eu não sabia, se as cortinas se fechariam, se se abririam. Nada sei, nada sei. Atenderei o telefone e responderei aos mumúrios sonsos?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

C'est la vie?

Ela passava seus dedos sobre os cortes embriagantes que havia deixado em sua pele, sentia o brilho do sangue vermelho que ardia quando os pressionava.

Alívio?

Os olhos percorrendo a dor que se materializava ali, se esvaindo pelos cortes.
Não tão sedenta quanto fraca deixa-se levar pelo licor que agora escorre por seus lábios..


Alívio?

Cai então sonolenta e deixa com que as águas caiam-lhe sobre o corpo frágil. Treme de medo, não de frio. CHora por que não anseia por respostas, mas elas aparecem, materializam-se e assustam-na.
Pobre criatura que agora vaga em seus próprios pensamentos. Anseia pela próxima gota de sangue. Anseia..

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Hotellihuone

Aquele quarto de hotel era bem parecido cm muitos outros que eu já estivera. As paredes eram claras, nã exatamente brancas, mas claras, recém pintadas talvez. Não era luxuoso, pode-se concluir isso facilmente, a palavra certa era organização. Não tinha qualquer ítem que se sobressaísse aos olhos, era realmente comum. Eu estava ainda acordada, apesar da hora avançada, além de ter que acordar cedo no outro dia- que viria em pouco minutos. Não me importava. A luz da noite acinzentada penetrava tímida pelas cortinas inúteis que dançavam sutilmente e iluminava o chão limpo, mas ainda sim o lugar estava escuro. Uma sensação quase lúgubre invadiu-me. Pensei em quantas pessoas já haviam se hospedado ali, o que haviam feito, não era um hotel novo. Quantos, então, teriam sido os casais a arrancarem suspiros naquela mesma cama, quantos também choraram, traíram, se desencontraram, se perderam. Olhei para o espelho do outro lado do quarto, vi o reflexo opaco do abajur apagado. Analisei o quarto, estava quente, ao contrário do que demostrava estar lá fora,com o vento se enroscando nas árvores, assoviando baixo. Eu estava sozinha, mas sentia que alguém mais me acompanhava em minha estadia. Fixei de novo o espelho, a ponta da pena do seu chápeu aparecia ali,pouco irreverente, sua silhueta crescia, mostrava suas belas formas enquanto o vestido se abria. Nao via seu rosto, não sei se ria, espero que sim. Estava contente de tê-la ali... Soube assim que adormeceria bem.