terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Noite

E os corpos estão jogados e entrelaçados sobre os tecidos aveludados.
A respiraçao ofegante, a vermelhidão da pele.
Não há qualquer iluminaçao naquele quarto, a única claridade vem do costume dos olhos de fitar a escuridão.
O sentimento de culpa que abraça-os. Erros cometidos de forma explícita. Contentam-se as dúvidas em continuar a caminhada.
Gritos,beijos,gemidos, ações ilícitas...quem as apagará? Foram eternizadas no retrato do tempo.
O cheiro animalesco que o quarto exala, as mechas de cabelo jogadas ao chão. Dores que se disfarçam de amores. Sangue escarlate que escorre pelos lábios culposos. Alegram-se? Encaram-nos como mais uma etapa da morte em vida.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Just pritending

A alma adormecida só agora desperta para encarar os vultos ao seu redor. Mais uma vez ela prefere fechar os olhos para a realidade.
Medo como nunca antes a havia penetrado. Medo traiçoeiro, que chega aos passos lentos e abafados e te derruba com um só grito.
Danças que cessam. Coreografias perdidas.
Talentos no chão.
Dor desabrochada, Rosa Negra ausente.
Que me diriam aqueles que me fitam com curiosidade ou aqueles que estimulam-me a continuar? O qque sabem eles da minha dor?
Porque nem mesmo eu sei interpretar cada um de meus temores e também nem mesmo eu estou apta a concertá-los.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Enquanto suas mãos macias molham o pincel na tinta vermelha, enquanto pinta com destreza aquele quadro, pinta também o seu coração. Sentimentos tortos que por ali passam, tímidos em sua própria essência. Corta a tela, colore o imenso branco com suas próprias cores.
Sentada, descobre dentro do objeto sobre seu cavalete uma janela, ao mesmo tempo que vê um espelho.
Sorri, sorri porque nada mais importa, o gargalhar dos pássaros e o correr das águas ali fora a deixam alheia ao mundo que a pressiona.
Passos no chão, passos no chão.
Doce companhia que ela não esperava.
A maçaneta que gira, os lábios qe emolduram o sorriso, os olhos que se beijam.
Que respiração cruzada e ofegante..
Labaredas lambem seus corpos, as tintas que caem, as cores que se perdem sobre a tela infinita. A musa se dobra e desdobra em suas mentes temerosas do mundo.
Mãos que procuram por cinturas desnudas, lábios que procuram por mais línguas para que dancem outras novas valsas. Sussuros que beijam-lhe os ouvidos. Ritos de cor, dor e amor. Aliteração que os abraça mediante as ondas de empatia que os observa sem rancor. Calor. Calor entre os braços, que percorrem as pernas e se vão pra muito além.
Apoiam-se, deitam, escorregam sobre os móveis cobertos com lençois feitos de respingos de tinta.
Luzes fitam-nas com leveza, tocam-nas a pele alva.
A energia que se dissipa em forma de som e movimento pelo sotão de pintar. Pintaram um pouco de sentimento e história ali.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Queira apresentar-me minha alma

De todos os meus mais distantes e fantasiosos sonhos, de todos aqueles que me faziam mergulhar em profunda agonia, não pensei que pudesse viver coisa pior.
Os meus sentidos são controlados pelas necessidades superficiais as quais meu corpo sucumbe. A dor de não saber me controlar pertence as lembranças de um tempo que nunca existiu. A melodia, o sopro da verdade, entorpece-me para fazer-me acordar das mentiras com as quais me embriaguei.
Talvez um da tenha sido feliz o canto entoado por mim.
Quantos sorrisos, toques, desejos, foram eternizados pela falta da realidade, ânsia de ser feliz.
Como queria eu poder me livrar de tais monstros enquanto estes me agarram e me levam junto a eles para as profundezas de obscuras tardes.
Mas, como as brasas lançadas ao rio, de nada mais valem as lamentações, são coo se o tempo pudesse rever caminho eito pelos ponteiros do relógio.
E aquele anjo que por hora soprava alguma palavras de consolo agora também faz parte a minha rede de incertezas,mas não desperta tamanha dor como as pétalas despedaçadas de minha Rosa Negra.
Por ventura queria poder encontrar,então, tão ditosas palavras esquecidas ao vento pelo tal do Destino, encontrá-las e questioná-las à Morte.
De tal louváveis feitos, por que abrir suas feridas juntamente das lanças que as aumentam?
Das flores que se encontravam no jardim, poucas eram aquelas que despertavam a minha atenção,mas somente o brilho do seu toque aveludado foi capaz de me trazer para junto de ti, tão encantada como a melodia que nos embalava em um tempo irreal.
De modo que caio sempre nas mesmas palavras, mesmas melancólicas dores, mesmos sorrisos artificiais, levando sempre ao mundo as mesmas lágrimas doentias, queixando-me dos mesmo problemas. Mas que culpam teem da forma com que as circunstâncias me fazem sempre sucumbir?
Queria conhecer o antídoto que me faria viver como todos gostariam que vivesse, que reduziria a forma rápida com que o meu pensamento tropeça.
Queira, por favor, apresentar-me minha alma, faça-me amá-la e não feri-la.
E a minha frente havia toda a mata escura e misteriosa, nada dela sabia, nunca dantes fora penetrada assim, tão furtivamente. Fechei meus olhos e senti o ar gelado que vinha de seu interior, fresco, aquela brisa forte vinha de encontro a minha face. Sentia as pequenas gotas de orvalho que se foram durante a noite serem desfeitas pelas pegadas dos meus pés descalços. Abri meus olhos, vi que poucos eram os raios de sol que podiam vencer a expessa camada vegetal que me encobria.
Pouco sabia daquele lugar,pouco sabia.
Alguns sons saiam furtivos da mata, confundindo meus ouvidos.
A minha caminhada era quase inaldível quando comparada ao tamborilar do meu coraçao perdido.
O cenário onírico que se pintava a minha frente vinha das cores escuras, tons de verde, mais precisamente, agarrava-me de forma intensa, bordava ao meu redor teias gigantescas, assim como os cipós sinistros que pendiam sinistros durante o trajeto e me mostravam o quão pequena eu era naquela situação.
Meus pés seguiam sem parar, sem se quer razão para faze-los, apenas queria libertar-me dos fantasmas que me atormentavam a mente, inquietavam-na. Queria apenas um lugar onde sabia ser seguro gritar meus temores. A mata era perfeita, mas, mesmo assim, me perdi nela. Me perdi em seus galhos, seus arbustos, na folha seca que formava um tapete multicolorido sobe meus pés, no voo louca da borboleta bailarina, no grunir dos animais, na melodia fraca do rio longinquo, no sussurrar dos incetos, na profundidade da mata.
Fui levada a me perder no labirinto que me cercava, no labirinto que ainda me cerca e suga minha sanidade. No labirinto da floresta.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A mais real de minhas musas...

E seus dedos deslizavam sobre as teclas do piano, de olhos fechados suas mãos dançavam inconcientes. A melódia executada com destreza tomava o lugar com suas notas.
Algumas flores no jarro ali, do lado do piano, na mesinha de madeira bruta, ao redor as pétalas murchas que caíram.
A parede, pouco iluminada, tinha agora seus tons avermelhados e dourados do papel de parede antigo convertidos no fúnebre tom de azul da noite, exceto quando, por vez, as chamas tamborilantes e sem direção das velas resolviam compartilhar também suas cores, assim, o papel de parede voltava aos seus tons originais.
o vestido volumoso escondia até mesmo o pequeno banco, regozijava-se em várias camadas, até o chão.
Invadindo-lhe o espaço, vinham os pequenos feixes de luz da lua que adentravam pelas frestas da janela de madeira pesada e escura, luminosos laços que prendiam-lhe os cabelos ruivos, luminosas fitas que lhe acariciavam a pele alva.
Seus dedos continuavam incansáveis sobre a tecla, semblante ainda perdido, sua expressão ainda entregue aos devaneios da música. Perde-se no tom romântico de suas notas...

(Eu disse que escreveria algo pra você, não é,gata?)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Sonhos e devaneios

As palavras estavam então perdidas no vento. Procuravam uma direção. Com pés tortos comprimentam-me enquanto tento compreende-las.
Agarro-me aos sonhos,porque a realidade agora embriaga minha mente. Agarro-me aos sonhos porque são mais fáceis, mesmo quando são soprados em minha mente em forma de medonhos pesadelos. Corro. Corro. Eles continuam ali, encaram-me. Assim, sei que não estou mais sonhando.
Festejam o momento em que as facas beijam-me o coração. Sorriso froxo.
Não posso mais correr, já me vejo acordada. Sonhos pintaram de negro minha realidade.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

À morte

Senhora, sei que minha súplica por sua chegada se estabelece pela densidade que tomaram-me as dores. O que não sei é se estas foram em mim plantadas por suas mãos. Penso que não.
Agora,na noite estrenhamente gélida, úmida pelas lágrimas cansadas de banhar nossos rostos, cuspir nossos sentimentos, só penso em Ti, dama. Como seria bem vinda...
Convido-te a abraçar-me, a beijar minha alma e levá-la junto a Ti, para perto do Teu assento, onde, talvez, pela bondade que possa existir no Velho Destino, pela piedade de Deus, eu finalmente não serei encomodada por estas dores. Não por estas. Poderei então olhar para o passado e me desvincular das gargalhadas de escárnio do tempo, poderei? Também penso que não.
Morte, querida Morte, o que pensas? Seremos nós mais serenas se enfim nos encontrarmos, se enfim traçarmos o laço eterno que nos atrai? Seremos nós mais plenas? Serei eu mais plena? Eu com toda esta aura de egoísmo sobrevoando ao meu redor?
Morte, querida, venha me encontrar, se nao formos assim perfeitas, descarta-me, atira-me do seu fogo. Mas, Morte, querida, não deixe com que sofram, não deixe.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Leikkaus sielun Muse

Com a agulha riscando o disco vinha o som melodioso da voz de Piaf,"Padam Padam!" exclamava enquanto a jovem se via atirada nos tecidos aveludados do velho divã daquele cômodo. Balançava os pés no ritmo da canção, fechava os olhos e deixava-se levar pelas notas que invaliam-lhe os ouvidos, ritmo acelerado, sendo assim, deixava também escapar um leve sorriso que brotava em sua face desenhada.
A luz vinha escassa do abajur, contemplava-lhe o corpo, brincava em suas pernas nuas como criança.
Ela, a jovem, sabendo da minha presença abriu vagarosamente os olhos, deixando-os quase que semi-serrados, deixou com que o o sorriso se abrisse enquanto suas feições pueris davam espaço para seu ar sedutor e deslumbrante, sua expressão era divertida, quase de mofa.
Retribui-lhe o sorriso.
Fui chamada para me juntar a ela.
Fui conduzida para perto de seus cabelos esvoaçantes, agora sobre o meu colo. A música tocava ao fundo, Edith Piaf continuava seu bom trabalho "Je ne veux pas travailler,Je ne veux pas déjeuner,Je veux..." pouco me importava aquela hora, seus braços envolviam-me calmamente, ela voltou a cerras os olhos, continuava a sorrir. Seu decote demonstrava um pouco mais que o de praxe, curvas voluptuosas, lúbricas,seduziam-me a encontrá-las.

Que da prata venha o ouro...

O céu prateado, levemente azulado, tons escuros, imponente, poderoso, anunciava que dali por diante a chuva viria varrer nossas almas enquanto a água renovada caia sobre nós com furor tremendo.
Inquietação, mas não muita.
O calor sufocava, adentrava-me as narinas aquele vapor quente que tacava. rápidos e lentos eram eus pensamentos, isso desagradava-me, mas não era a hora de julgar o que me caia bem, apenas tentava aceitas o jeito como vinham as torrentes.
As horas caminharam e adiante pude ver que as nuvens cobertas por prata se misturavam com raios de sol estremecidos que tentavam vencê-las. POuco a pouco o fizeram, derrotaram-nas.
Um frescor estranho pairava no ar naquele fim de tarde, algumas aves se atreviam a cantarolar enquanto o sol, já tímido, beijava suavemente a face da mata solene. Eu os assistia. Poupava-me de pensar nas dores, renovava-se em mim as cores.
Crepúsculo belo e cálido.
Os tons de laranjado então tornaram-se rosa, o rosa dançou bela valsa desprevinida e pouco descompassada com os tons púpura e juntas completaram a paleta de cores celeste.
A lua então sorriu, sorriso crescente, e ali ficou, e ali ainda está, não sei se fita-me, as estrelas pouco se mostram, sei bem é que sorri. Sorri pra mim, disso eu sei, tenta espantar o sentimento de morte que tomou meu ser.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vazio

Nem mais as lágrimas poderão expressar a tristeza que se aloja em mim. Que mil estacas penetrem o meu coração mas,por favor, não isso. Não deixe com que suas palavras cortem o ar com tal furor que somente meus ouvidos podem detectar.
As lágrimas não são mais suficientes para expressar o grande vazio que agora se aloja em mim.
Enquanto procurava pelo toque da Rosa Negra percebi que ela não o apreciaria, ardendo nos subterfúgios da minha alma como arderia em tão obscuras profundezas do meu eu.
Mas, se era assim, por que então conhecê-la, indecifrável flor? Por que então meus olhos não foram da visão desprovidos se for para se encantarem com o seu sorriso?
Pervesso.
Não a culpo, não a culpo.
Rodopie por entre as múltiplas faces de sua vida, eu me perderei nas minhas, me entregarei ao meu próprio fim e me jugarei nos braços tortos do Destino.
E que destino! Ardente, indeciso, peste!
Vencera-me!
Sentia meu corpo débil e inútil sem qualquer possibilidade de movimento. O escanfandro restringia até mesmo minha respiração, ofegava.
Presa em um meio oco e artificial eu estava perdida na inebriante sensação que me dominava.
Ouvia o tamborilar do meu coraçao gritando de desespero dentro daquela roupa. Não podia me libertar, deveria me acostumar com aquilo. Será? Procurava tão intensamente uma maneira de me libertar, mas nada servia. Nada. Esperarei, assim, por um socorro vindo de ti. A útima palavra será sua...

Smell like pain

E veio então aquele cheiro mórbido,triste, repleto de lembranças boas que não mais estarão aqui de volta: a morte os havia levado e não mais os devolveria.
Aquela cheiro característico de grama recém cortada, os pássaros em volta. Tudo era como antes,mas nada podia ser como antes se pareceu.
Tanto quanto um aquele que tem afeição pela dor destroça as feridas abertas com prazer, mantenho-me pensando lá nos tempos em que a vida já se encarregou de levar, os sorrisos que agora choram em algum lugar,mas não aqui.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Se as coisas são todas premeditadas por força maior isso me foge do entendimento,mas acredito que sim. Inevitavelmente essa entidade chamada Destino se revela é quase sempre contrário as nossas vontades e se diverte ao ver nossos planos cairem por terra. Talvez, tomado pela forma humana, o veriamos com um sorriso ironico a gritar em seu rosto maquiavélico que hoje tanto me desagrada e me deixa inquieta.
Apenas diga-me: por que encorajar mentes a se levarem pelo desejo de fazer aquilo que terá orgulho em destruir? Por que quebrar o ritmo de um coração até então tão esperançoso e determinado como encontrava-se o meu?
Ao seu bel prazer não vou deixar mais que as coisas sejam sempre esquematizadas, lutarei por aquilo que ainda dúvido. Mas lutarei.
Com disposição é que me armarei, espero tirar minhas dúvidas. Não me controle,destino,nao ouse.. Entenda minhas palavras perdidas como o último grito de socorro para aliviar minhas dores e anseios.

Destino

Se as coisas são todas premeditadas por força maior isso me foge do entendimento,mas acredito que sim. Inevitavelmente essa entidade chamada Destino se revela é quase sempre contrário as nossas vontades e se diverte ao ver nossos planos cairem por terra. Talvez, tomado pela forma humana, o veriamos com um sorriso ironico a gritar em seu rosto maquiavélico que hoje tanto me desagrada e me deixa inquieta.
Apenas diga-me: por que encorajar mentes a se levarem pelo desejo de fazer aquilo que terá orgulho em destruir? Por que quebrar o ritmo de um coração até então tão esperançoso e determinado como encontrava-se o meu?
Ao seu bel prazer não vou deixar mais que as coisas sejam sempre esquematizadas, lutarei por aquilo que ainda dúvido. Mas lutarei.
Com disposição é que me armarei, espero tirar minhas dúvidas. Não me controle,destino,nao ouse.. Entenda minhas palavras perdidas como o último grito de socorro para aliviar minhas dores e anseios.

Negra rosa

Dentre tantas puras flores, vejo você, Negra Rosa; tão exuberante em sua inocência quanto em sua própria habilidade de perder-se nela. Perder..posso perder-me também em seu olhar enigmático e profundo que muito esconde de mim.
Cantamos e exaltamos a morte que,por ventura, venha nos juntar, mas ainda sim vacilamos. Ainda sim vacilo.
Penso também a cor escura de suas pétalas de veludo e me entristeço por não saber se anseiam pelo meu toque. Fugaz,meu pensamento agora enrola-se em meio as possibilidades e o leque de dores que pode se abir. Coisa dantes louca a se dizer: mas tenho que confessar-lhe que não só gosto de ti, Negra Rosa.
Tão escura como aquela aquela sala solitária eram também a minha mente.
Os lençois envelhecidos pendiam sobre os móveis tímidos, sobre os quais repousava também a poeira do abandono. Incoerente,então, era aquele raio de luz vindo da janela-junto com os múrmurios sufocados do oceano ali em baixo- que iluminava a lareira trabalhada.
Ambiente aquele sórdido e confuso. Tantas coisas estavam ali, abaixo dos lençois, mas tampouco se revelavam a minha visão incapaz. Queria saber se para mim também existiria um ponto claro e amarelo alegre revelando a beleza de algo até então ocultado.
As lágrimas estavam agora ausentes, secas, indecisas, não sabiam se vinham à tona.
O telefone me tentava e as palavras sussurradas pelo vento, que entravam com a claridade. Se eu poderia continuar naquele momento monocórdio ou se eu iria reagir eu não sabia, se as cortinas se fechariam, se se abririam. Nada sei, nada sei. Atenderei o telefone e responderei aos mumúrios sonsos?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

C'est la vie?

Ela passava seus dedos sobre os cortes embriagantes que havia deixado em sua pele, sentia o brilho do sangue vermelho que ardia quando os pressionava.

Alívio?

Os olhos percorrendo a dor que se materializava ali, se esvaindo pelos cortes.
Não tão sedenta quanto fraca deixa-se levar pelo licor que agora escorre por seus lábios..


Alívio?

Cai então sonolenta e deixa com que as águas caiam-lhe sobre o corpo frágil. Treme de medo, não de frio. CHora por que não anseia por respostas, mas elas aparecem, materializam-se e assustam-na.
Pobre criatura que agora vaga em seus próprios pensamentos. Anseia pela próxima gota de sangue. Anseia..

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Hotellihuone

Aquele quarto de hotel era bem parecido cm muitos outros que eu já estivera. As paredes eram claras, nã exatamente brancas, mas claras, recém pintadas talvez. Não era luxuoso, pode-se concluir isso facilmente, a palavra certa era organização. Não tinha qualquer ítem que se sobressaísse aos olhos, era realmente comum. Eu estava ainda acordada, apesar da hora avançada, além de ter que acordar cedo no outro dia- que viria em pouco minutos. Não me importava. A luz da noite acinzentada penetrava tímida pelas cortinas inúteis que dançavam sutilmente e iluminava o chão limpo, mas ainda sim o lugar estava escuro. Uma sensação quase lúgubre invadiu-me. Pensei em quantas pessoas já haviam se hospedado ali, o que haviam feito, não era um hotel novo. Quantos, então, teriam sido os casais a arrancarem suspiros naquela mesma cama, quantos também choraram, traíram, se desencontraram, se perderam. Olhei para o espelho do outro lado do quarto, vi o reflexo opaco do abajur apagado. Analisei o quarto, estava quente, ao contrário do que demostrava estar lá fora,com o vento se enroscando nas árvores, assoviando baixo. Eu estava sozinha, mas sentia que alguém mais me acompanhava em minha estadia. Fixei de novo o espelho, a ponta da pena do seu chápeu aparecia ali,pouco irreverente, sua silhueta crescia, mostrava suas belas formas enquanto o vestido se abria. Nao via seu rosto, não sei se ria, espero que sim. Estava contente de tê-la ali... Soube assim que adormeceria bem.