quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Enquanto suas mãos macias molham o pincel na tinta vermelha, enquanto pinta com destreza aquele quadro, pinta também o seu coração. Sentimentos tortos que por ali passam, tímidos em sua própria essência. Corta a tela, colore o imenso branco com suas próprias cores.
Sentada, descobre dentro do objeto sobre seu cavalete uma janela, ao mesmo tempo que vê um espelho.
Sorri, sorri porque nada mais importa, o gargalhar dos pássaros e o correr das águas ali fora a deixam alheia ao mundo que a pressiona.
Passos no chão, passos no chão.
Doce companhia que ela não esperava.
A maçaneta que gira, os lábios qe emolduram o sorriso, os olhos que se beijam.
Que respiração cruzada e ofegante..
Labaredas lambem seus corpos, as tintas que caem, as cores que se perdem sobre a tela infinita. A musa se dobra e desdobra em suas mentes temerosas do mundo.
Mãos que procuram por cinturas desnudas, lábios que procuram por mais línguas para que dancem outras novas valsas. Sussuros que beijam-lhe os ouvidos. Ritos de cor, dor e amor. Aliteração que os abraça mediante as ondas de empatia que os observa sem rancor. Calor. Calor entre os braços, que percorrem as pernas e se vão pra muito além.
Apoiam-se, deitam, escorregam sobre os móveis cobertos com lençois feitos de respingos de tinta.
Luzes fitam-nas com leveza, tocam-nas a pele alva.
A energia que se dissipa em forma de som e movimento pelo sotão de pintar. Pintaram um pouco de sentimento e história ali.

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