quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Just pritending

A alma adormecida só agora desperta para encarar os vultos ao seu redor. Mais uma vez ela prefere fechar os olhos para a realidade.
Medo como nunca antes a havia penetrado. Medo traiçoeiro, que chega aos passos lentos e abafados e te derruba com um só grito.
Danças que cessam. Coreografias perdidas.
Talentos no chão.
Dor desabrochada, Rosa Negra ausente.
Que me diriam aqueles que me fitam com curiosidade ou aqueles que estimulam-me a continuar? O qque sabem eles da minha dor?
Porque nem mesmo eu sei interpretar cada um de meus temores e também nem mesmo eu estou apta a concertá-los.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Enquanto suas mãos macias molham o pincel na tinta vermelha, enquanto pinta com destreza aquele quadro, pinta também o seu coração. Sentimentos tortos que por ali passam, tímidos em sua própria essência. Corta a tela, colore o imenso branco com suas próprias cores.
Sentada, descobre dentro do objeto sobre seu cavalete uma janela, ao mesmo tempo que vê um espelho.
Sorri, sorri porque nada mais importa, o gargalhar dos pássaros e o correr das águas ali fora a deixam alheia ao mundo que a pressiona.
Passos no chão, passos no chão.
Doce companhia que ela não esperava.
A maçaneta que gira, os lábios qe emolduram o sorriso, os olhos que se beijam.
Que respiração cruzada e ofegante..
Labaredas lambem seus corpos, as tintas que caem, as cores que se perdem sobre a tela infinita. A musa se dobra e desdobra em suas mentes temerosas do mundo.
Mãos que procuram por cinturas desnudas, lábios que procuram por mais línguas para que dancem outras novas valsas. Sussuros que beijam-lhe os ouvidos. Ritos de cor, dor e amor. Aliteração que os abraça mediante as ondas de empatia que os observa sem rancor. Calor. Calor entre os braços, que percorrem as pernas e se vão pra muito além.
Apoiam-se, deitam, escorregam sobre os móveis cobertos com lençois feitos de respingos de tinta.
Luzes fitam-nas com leveza, tocam-nas a pele alva.
A energia que se dissipa em forma de som e movimento pelo sotão de pintar. Pintaram um pouco de sentimento e história ali.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Queira apresentar-me minha alma

De todos os meus mais distantes e fantasiosos sonhos, de todos aqueles que me faziam mergulhar em profunda agonia, não pensei que pudesse viver coisa pior.
Os meus sentidos são controlados pelas necessidades superficiais as quais meu corpo sucumbe. A dor de não saber me controlar pertence as lembranças de um tempo que nunca existiu. A melodia, o sopro da verdade, entorpece-me para fazer-me acordar das mentiras com as quais me embriaguei.
Talvez um da tenha sido feliz o canto entoado por mim.
Quantos sorrisos, toques, desejos, foram eternizados pela falta da realidade, ânsia de ser feliz.
Como queria eu poder me livrar de tais monstros enquanto estes me agarram e me levam junto a eles para as profundezas de obscuras tardes.
Mas, como as brasas lançadas ao rio, de nada mais valem as lamentações, são coo se o tempo pudesse rever caminho eito pelos ponteiros do relógio.
E aquele anjo que por hora soprava alguma palavras de consolo agora também faz parte a minha rede de incertezas,mas não desperta tamanha dor como as pétalas despedaçadas de minha Rosa Negra.
Por ventura queria poder encontrar,então, tão ditosas palavras esquecidas ao vento pelo tal do Destino, encontrá-las e questioná-las à Morte.
De tal louváveis feitos, por que abrir suas feridas juntamente das lanças que as aumentam?
Das flores que se encontravam no jardim, poucas eram aquelas que despertavam a minha atenção,mas somente o brilho do seu toque aveludado foi capaz de me trazer para junto de ti, tão encantada como a melodia que nos embalava em um tempo irreal.
De modo que caio sempre nas mesmas palavras, mesmas melancólicas dores, mesmos sorrisos artificiais, levando sempre ao mundo as mesmas lágrimas doentias, queixando-me dos mesmo problemas. Mas que culpam teem da forma com que as circunstâncias me fazem sempre sucumbir?
Queria conhecer o antídoto que me faria viver como todos gostariam que vivesse, que reduziria a forma rápida com que o meu pensamento tropeça.
Queira, por favor, apresentar-me minha alma, faça-me amá-la e não feri-la.
E a minha frente havia toda a mata escura e misteriosa, nada dela sabia, nunca dantes fora penetrada assim, tão furtivamente. Fechei meus olhos e senti o ar gelado que vinha de seu interior, fresco, aquela brisa forte vinha de encontro a minha face. Sentia as pequenas gotas de orvalho que se foram durante a noite serem desfeitas pelas pegadas dos meus pés descalços. Abri meus olhos, vi que poucos eram os raios de sol que podiam vencer a expessa camada vegetal que me encobria.
Pouco sabia daquele lugar,pouco sabia.
Alguns sons saiam furtivos da mata, confundindo meus ouvidos.
A minha caminhada era quase inaldível quando comparada ao tamborilar do meu coraçao perdido.
O cenário onírico que se pintava a minha frente vinha das cores escuras, tons de verde, mais precisamente, agarrava-me de forma intensa, bordava ao meu redor teias gigantescas, assim como os cipós sinistros que pendiam sinistros durante o trajeto e me mostravam o quão pequena eu era naquela situação.
Meus pés seguiam sem parar, sem se quer razão para faze-los, apenas queria libertar-me dos fantasmas que me atormentavam a mente, inquietavam-na. Queria apenas um lugar onde sabia ser seguro gritar meus temores. A mata era perfeita, mas, mesmo assim, me perdi nela. Me perdi em seus galhos, seus arbustos, na folha seca que formava um tapete multicolorido sobe meus pés, no voo louca da borboleta bailarina, no grunir dos animais, na melodia fraca do rio longinquo, no sussurrar dos incetos, na profundidade da mata.
Fui levada a me perder no labirinto que me cercava, no labirinto que ainda me cerca e suga minha sanidade. No labirinto da floresta.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A mais real de minhas musas...

E seus dedos deslizavam sobre as teclas do piano, de olhos fechados suas mãos dançavam inconcientes. A melódia executada com destreza tomava o lugar com suas notas.
Algumas flores no jarro ali, do lado do piano, na mesinha de madeira bruta, ao redor as pétalas murchas que caíram.
A parede, pouco iluminada, tinha agora seus tons avermelhados e dourados do papel de parede antigo convertidos no fúnebre tom de azul da noite, exceto quando, por vez, as chamas tamborilantes e sem direção das velas resolviam compartilhar também suas cores, assim, o papel de parede voltava aos seus tons originais.
o vestido volumoso escondia até mesmo o pequeno banco, regozijava-se em várias camadas, até o chão.
Invadindo-lhe o espaço, vinham os pequenos feixes de luz da lua que adentravam pelas frestas da janela de madeira pesada e escura, luminosos laços que prendiam-lhe os cabelos ruivos, luminosas fitas que lhe acariciavam a pele alva.
Seus dedos continuavam incansáveis sobre a tecla, semblante ainda perdido, sua expressão ainda entregue aos devaneios da música. Perde-se no tom romântico de suas notas...

(Eu disse que escreveria algo pra você, não é,gata?)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Sonhos e devaneios

As palavras estavam então perdidas no vento. Procuravam uma direção. Com pés tortos comprimentam-me enquanto tento compreende-las.
Agarro-me aos sonhos,porque a realidade agora embriaga minha mente. Agarro-me aos sonhos porque são mais fáceis, mesmo quando são soprados em minha mente em forma de medonhos pesadelos. Corro. Corro. Eles continuam ali, encaram-me. Assim, sei que não estou mais sonhando.
Festejam o momento em que as facas beijam-me o coração. Sorriso froxo.
Não posso mais correr, já me vejo acordada. Sonhos pintaram de negro minha realidade.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

À morte

Senhora, sei que minha súplica por sua chegada se estabelece pela densidade que tomaram-me as dores. O que não sei é se estas foram em mim plantadas por suas mãos. Penso que não.
Agora,na noite estrenhamente gélida, úmida pelas lágrimas cansadas de banhar nossos rostos, cuspir nossos sentimentos, só penso em Ti, dama. Como seria bem vinda...
Convido-te a abraçar-me, a beijar minha alma e levá-la junto a Ti, para perto do Teu assento, onde, talvez, pela bondade que possa existir no Velho Destino, pela piedade de Deus, eu finalmente não serei encomodada por estas dores. Não por estas. Poderei então olhar para o passado e me desvincular das gargalhadas de escárnio do tempo, poderei? Também penso que não.
Morte, querida Morte, o que pensas? Seremos nós mais serenas se enfim nos encontrarmos, se enfim traçarmos o laço eterno que nos atrai? Seremos nós mais plenas? Serei eu mais plena? Eu com toda esta aura de egoísmo sobrevoando ao meu redor?
Morte, querida, venha me encontrar, se nao formos assim perfeitas, descarta-me, atira-me do seu fogo. Mas, Morte, querida, não deixe com que sofram, não deixe.